Neuropatia periférica pós-quimioterapia
Neuropatia periférica: conjunto de sintomas causados por lesão do sistema nervoso periférico.
- Causas: traumáticas, químicas, metabólicas, infecciosas, entre outras. Resultam em alterações a nível dos recetores periféricos, traduzindo o fenómeno conhecido porneuroplasticidade periférica.
- Sintomatologia: sensação de queimadura, picada, ardor, choque elétrico, dor difusa, formigueiro, alteração da sensibilidade, disautonomia.
- Classificação: sensitiva, motora, disautonómica ou mista.
A neuropatia periférica pós-quimioterapia é um efeito adverso, que pode afetar 30 a 40% dos doentes sob quimioterapia, traduzindo grande impacto na qualidade de vida. Muitas vezes a intensidade das queixas leva à suspensão da terapêutica, com todos os inconvenientes inerentes.
- Prevalência: a longo prazo, a neuropatia periférica pós-quimioterapia nos sobreviventes de cancro é desconhecido. Estima-se que possa ocorrer em 24% das mulheres sobreviventes de neoplasia da mama, até 6 anos após o tratamento.
-
Fármacos associados a estes efeitos adversos:
- Oxaliplatina e outros derivados dos sais de Platina-Cisplatina, carboplatina;
- Taxanos (paclitaxel, docetaxel,cabazitaxel);
- Alcalóides (vincristina, vinblastina, vinorrebilina e etoposido);
- Talidomida, lenalidomida;
- Bortezomib.
Nos casos mais graves a neuropatia periférica pós-quimioterapia, é de instalação aguda, logo nos primeiros tratamentos. Noutros casos pode aparecer meses ou anos após a terapêutica citotóxica.
-
Fatores de risco:
- Idade;
- Existência de patologias suscetíveis de provocarem neuropatias: diabetes mellitus, HIV;
- História familiar de neuropatia periférica;
- Terapêutica sob quimioterapia no passado - tipo de fármacos e dose total.
-
Prevenção - Com resultados controversos (faltam mais estudos):
- Vitamina E;
- Magnésio;
- Anticonvulsivantes como carbamazepina;
- Antidepressivos como venlafaxina (QT por oxaliplatina);
- Glutationa;
- Doses de quimioterapia fracionadas e repartidas, em vez de doses altas unisemanais.
-
Terapêutica (sem evidência, por falta de estudos):
- Corticóides por curtos períodos;
- Aplicação tópica de lidocaína ou capsaicina;
- Antidepressivos: venlafaxina, duloxetina;
- Anticonvulsivantes: gabapentina, pregabalina;
- Opióides;
- Bloqueios periféricos diagnósticos;
- Radiofrequência pulsada perineural;
- Medicina física e reabilitação;
- Psicoterapia;
- Acupunctura;
Conclusão
Atualmente a neuropatia periférica pós-quimioterapia é uma situação cada vez mais frequente e subdiagnosticada, com elevado impacto na qualidade de vida dos doentes oncológicos. Os tratamentos são pouco eficazes sendo necessários mais estudos que mostrem o seu benefício.
Bibliografia e referências:
- Caponero R. Montarroyos E. Tahamtani S. Post-chemotherapy neuropaty
- American Cancer Society Peripheral Neuropathy Caused by Chemotherapy
- Addington J, Freimer M. Chemoterapy-induced Peripheral neuropathy: an update on the current understanding FICOOResearch 2016; 1466
- Martin L. e Silva M.D. Chemoterapy-induced peripheral neuropathy: a literature review. 2011 Dec;9(4):538-44. doi: 10.1590/S1679-45082011RW2220.