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Principais diferenças entre laxantes osmóticos e laxantes estimuladores do peristaltismo para tratamento da obstipação


Dr. Pedro Norton | Medicina do Trabalho

Centro Hospitalar São João, Porto


A evidência científica ainda é insuficiente para afirmar que existam diferenças significativas na eficácia e tolerância entre os diferentes laxantes. No entanto algumas características dos laxantes devem ser conhecidas por forma a orientar a sua escolha:

Os laxantes osmóticos (açúcares fracamente absorvidos ou laxantes salinos), são agentes hiperosmolares que causam secreção hídrica mediada por osmose para o lúmen intestinal, o que estimula o peristaltismo e amolece as fezes. São muito úteis em doentes com obstipação e hemorroides ou fissuras anais, para amolecer as fezes e diminuir a dor com a defecação. A utilização excessiva destes agentes pode resultar em distúrbios hidroeletrolíticos ou sobrecarga de volume em doentes com insuficiência renal ou cardíaca. O macrogol por ser um suplemento alimentar que não é absorvido, é uma escolha frequente na obstipação da mulher grávida.

Os laxantes estimuladores do peristaltismo como o bisacodilo ou o picossulfato de sódio, atuam alterando o transporte eletrolítico na mucosa intestinal e aumentando a atividade motora intestinal. São também laxantes bastante estudados em ensaios clínicos os quais têm demonstrado a sua eficácia (aumentando até 5 vezes mais o número de movimentos intestinais por semana versus placebo) e segurança. Não existe evidência robusta que permita afirmar que a utilização crónica de laxantes estimuladores do peristaltismo cause alterações estruturais ou disfuncionais no cólon. Também não existe qualquer base farmacológica para afirmar que provoquem dependência. Para que um fármaco provoque dependência, teria de activar o sistema dopaminérgico após atravessar a barreira hemato-encefálica. Ora o bisacodilo e o picossulfato de sódio não são absorvidos para a corrente sanguínea pelo que não chegam ao sistema nervoso central, não sendo por isso capazes de atravessar a barreira hemato-encefálica.


Bibliografia e referências: