Síndrome de Dor Regional Complexo
Introdução
Patologia de uma região corporal (habitualmente das extremidades), caracterizada por dor, edema, limitação da mobilidade, instabilidade vasomotora, alterações tróficas e desmineralização óssea irregular. Surge frequentemente na sequência de lesão traumática, cirurgia ou evento vascular (ex: EAM, AVC). Desproporção entre o evento e a sintomatologia álgica apresentada.
Nomes alternativos na literatura até 1993: distrofia reflexa simpática; algodistrofia; causalgia; atrofia de Sudeck; osteoporose transitória; atrofia óssea aguda; síndrome ombro-mão.
Dois tipos de SCDR reconhecidos:
TIPO I – casos SEM lesão nervosa definida.
TIPO II – casos COM lesão nervosa definida.
TRÊS FASES NO DECURSO DA DOENÇA:
Estádio 1 – desenvolvimento da dor; sensação de queimadura, dor latejante, ardor difuso; sensibilidade ao toque e ao frio; edema localizado; alterações vasomotoras com variações da coloração e da temperatura do membro.
Estádio 2 (Distrófico) – 3 a 6 meses – agravamento do edema de tecidos moles, espessamento cutâneo e de tecidos peri articulares, perda de massa muscular.
Estádio 3 (Atrófico) – limitação de movimentos, contracturas digitais, cerificação da pele, unhas quebradiças.
Etiologia
Lesão de tecidos moles (40%)
Fraturas (25%)
Enfarte Agudo de Miocárdio (12%)
Acidente Vascular Cerebral (3%)
Stress Emocional (sem evidência)
Um report sem evento (35%)
Predisposição Genética – (sem evidência)
Manifestações Clínicas
- DOR nos membros superiores ou inferiores (envolvimento dos dois no mesmo doente é raro, mas possível): sensação de queimadura, dor latejante, dor difusa, sensibilidade ao toque ou ao frio, distribuição não compatível com distribuição nervosa periférica, tronco ou raíz;
- Alterações Vasomotoras - coloração e temperatura alteradas;
- Edema de tecidos moles e articulares;
- Espessamento cutâneo >>> cerificação da pele;
- Diminuição de massa muscular;
- Limitação de movimentos;
- Unhas quebradiças;
- Alterações Autonómicas – cianose, hipersudorese, crescimento anormal de pêlos, hipereflexia ou areflexia do detrusor (urgência, incontinência, retenção urinária);
Importância do Diagnóstico Precoce e Prevenção da Evolução do Síndrome
O MELHOR TRATAMENTO DO SDCR É A PREVENÇÃO!!!
- Mobilização Precoce/Medicina Física e Reabilitação
- Diagnóstico em tempo útil, ex: (identificar edema exuberante em fratura recente)
Terapêutica
Terapêutica Multimodal com recurso a anti-inflamatórios não esteroides, gabapentinóides (em caso de alodínia), terapêutica local – capsaicina. Anti depressivos/ Apoio Psicológico.
A partir da fase 1, o doente deverá ser referenciado a uma Unidade Multidisciplinar de Dor Crónica.
UMDor:
- Bloqueio Simpático Diagnóstico;
- Radiofrequência do nervo afetado;
- Neuroestimulação medular (Electrodos colocados no espaço epidural conectados a estimulador subcutâneo).
Bibliografia e referências:
- An Update on the Pathophysiology of Complex Regional Pain Syndrome – Stephen Bruehl (Anesthesiology 2010; 113:713-25)
- Interventional management of neuropatic pain: NeuPSIG recommendations -PAIN 154 (2013) 2249-2261