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Contraceção de Emergência


Dra. Francisca Vilaça | Ginecologia/Obstetrícia

Centro Hospitalar Universitário de Coimbra


Apesar dos desenvolvimentos na sociedade ocidental, a contraceção emergência mantém-se um assunto tabu e com necessidade de desmistificação.

A contraceção de emergência permite prevenir uma gravidez indesejada após relações sexuais não protegidas ou não adequadamente protegidas — falha no método contracetivo com rutura de preservativo ou esquecimentos regulares da toma de pílula, por exemplo.

A contraceção de emergência previne até 95% das gravidezes se for utilizada até cinco dias após as relações sexuais desprotegidas, sendo tão mais efetiva quanto mais cedo for utilizada. Em Portugal existem três métodos disponíveis, sendo o mais eficaz o DIU de cobre (DIU-CU), seguido do contracetivo oral com acetato de ulipristal (AUP) e, por fim, o contracetivo oral com levonorgestrel (LNG).

Conforme a legislação nacional, a contraceção de emergência é um fármaco de venda livre nas farmácias (levonorgestrel e acetato de ulipristal) e está disponível gratuitamente no Sistema Nacional de Saúde com o DIU-CU e a contraceção oral com levonorgestrel.

Existem outros métodos, nomeadamente o Método Yuzpe que consiste na toma de contraceçáo oral combinada em doses e sequências específicas (posologia de 12/12h durante 1 dia, geralmente 4 + 4 comprimidos para atingir concentrações de 100 a 120 mcg de etinilestradiol e 0,40 a 0,60 mg de levonorgestrel ou 1,0 a 2,0 mg de norgestrel). No entanto, este método tem menor eficácia e associa-se a uma probabilidade maior de efeitos secundários sendo assim apenas usado quando não houver acesso a outros métodos de contraceção de emergência.

No que toca ao mecanismo de ação, sabemos que a contraceção de emergência previne a gravidez por inibição ou bloqueio temporário de ovulação. Não é abortiva, ou seja, não interrompe uma gravidez em evolução e não tem efeitos teratogénicos se ocorrer gravidez.

O DIU-CU previne a fertilização por alterações químicas induzidas no espermatozoide e no óvulo, antes da fecundação e possivelmente interfere na nidação por alterações induzidas no endométrio.

Os efeitos secundários (cefaleias, náuseas, vómitos, tonturas, aumento da sensibilidade mamária e dores pelvicas) são raros, ligeiros, transitórios e sem necessidade de terapêutica adicional. Não está recomendada a utilização de antieméticos profiláticos por rotina. Se ocorrerem vómitos num intervalo até 3 horas após a toma de LNG ou AUP deve repetir a contraceção de emergência com administração prévia de um antiemético, ou optar pelo DIU-CU. O uso de LNG pode associar-se a um retorno menstrual mais cedo e o uso de AUP a um retorno menstrual mais tarde, do que o expectável. Se ocorrer um atraso menstrual superior a 5 dias, a mulher deve realizar um teste de gravidez.

Após o uso de levonorgestrel, a mulher pode iniciar um método de contraceção hormonal oral (combinado ou apenas com progestativo) no mesmo dia da toma, usando as precauções gerais para o início de contraceção. Se a opção for um método de longa duração, deve aguardar a menstruação para iniciar a contraceção.

Após o uso de acetato de ulipristal, a mulher deve aguardar cinco dias até iniciar um método de contraceção hormonal, usando depois as precauções gerais para o início de contraceção. Se a opção for um método de longa duração, deve aguardar a menstruação para iniciar o método.


Bibliografia e referências: