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Seleção personalizada de métodos contraceptivos: considerações clínicas


Dra. Marta Martins Xavier | Ginecologia/Obstetrícia

Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia e Espinho


A contraceção é um campo fundamental da saúde reprodutiva que visa evitar a gravidez através de diferentes métodos (naturais, médicos ou cirúrgicos). A sua importância não reside apenas na capacidade de permitir o planeamento familiar, mas também na prevenção de gravidezes não desejadas, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e complicações de saúde relacionadas com a gravidez indesejada.

Estão disponíveis em Portugal diferentes métodos contracetivos e na apresentação do Programa AAP no Porto foram abordados os métodos médicos disponíveis, indicações e contraindicações.

A contraceção hormonal combinada (CHC) consiste na associação de estrogénios e progestativos. O progestativo é o principal responsável pelo efeito contracetivo e o estrogénio pelo controlo do ciclo. As diferentes vias de administração da CHC (oral, vaginal e transdérmica) têm, de um modo geral, os mesmos critérios de elegibilidade. No entanto, a via vaginal e transdérmica apresentam algumas vantagens, sendo particularmente útil em mulheres com dificuldades na toma diária, com problemas na deglutição, com antecedentes de cirurgia bariatria (malabsortiva), com doença inflamatória intestinal e diarreias crónicas. A contraceção hormonal apresenta ainda benefícios não contracetivos, sendo importante a compreensão dos efeitos adicionais dos progestativos consoante a sua ação nos diferentes recetores hormonais.

A contraceção hormonal com progestativo oral é uma opção para mulheres que não pretendem ou que apresentam contraindicação para o uso de contraceção com estrogénios. Nesta categoria ressalvou-se a introdução no mercado da drospirenona (4ª geração de progestativo) com um padrão de hemorragia tendencialmente com perda previsível e cíclica (hemorragia de privação).

A contraceção reversível de longa duração refere-se a métodos que permitem uma contraceção efetiva por um longo período sem colaboração da utilizadora e compreende a contraceção intrauterina, o implante subcutâneo e o progestativo injetável. A contraceção intrauterina divide-se na contraceção hormonal (sistema intrauterina com diferentes dosagens de levonorgestrel) e a contraceção não hormonal (DIU de cobre).

É importante ressalvar que a escolha de um método contracetivo deve ser individualizada e baseada nas necessidades e preferências da pessoa. Além disso, a educação sobre contraceção e acesso a serviços de saúde reprodutiva desempenham um papel crítico na promoção de decisões informadas e no uso eficaz da contraceção

A contraceção é uma parte vital da saúde reprodutiva e oferece uma ampla gama de opções para indivíduos que desejam evitar a gravidez. A escolha do método deve ser feita com cuidado e em consulta com um profissional de saúde, levando em consideração fatores individuais, como saúde, estilo de vida e preferências pessoais. Além disso, a educação contínua sobre contraceção desempenha um papel crucial na prevenção de gravidezes não desejadas e na promoção da saúde reprodutiva.


Bibliografia e referências: