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A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica é, por definição da GOLD, uma doença prevenível e tratável, caracterizada por sintomas respiratórios persistentes (tosse, expetoração, dispneia) e obstrução não reversível das vias aéreas. Estas alterações são progressivas e resultam de danos das vias aéreas e alvéolos, os quais, por sua vez, surgem por processos inflamatórios crónicos, despoletados pela exposição continuada a partículas e/ou gases nocivos.

Esta nossa sessão, organizada à volta de 2 casos clínicos, incidiu sobretudo nas actualizações da GOLD 2017 relativas aos aspectos mais importantes do diagnóstico da doença, sua classificação e abordagem terapêutica.

Relativamente ao diagnóstico, apesar de não ter havido alterações significativas face às guidelines anteriores, é um ponto que consideramos fundamental em todas as formações elaboradas pelo GRESP. Assim, deu-se particular destaque à interpretação de espirometrias, para o que usamos as seguintes regras:

  1. Avaliar a qualidade e forma das curvas (mínimo de 3 curvas aceitáveis e reprodutíveis).
  2. Identicar a razão FEV1/FVC após a broncodilatação (distingue obstrução vs não obstrução).
  3. Identicar FVC após broncodilatação (distingue restrição vs não restrição).
  4. Determinar a variação de FEV1 antes e pós broncodilatação.
  5. Identicar FEV1 após broncodilatação (determina o grau de obstrução).

Uma das novidades mais importantes introduzidas pela GOLD 2017 prende-se com a determinação dos graus de gravidade ABCD que é feita agora com base apenas nos sintomas e número de exacerbações. A espirometria, embora continue imprescindível para o diagnóstico, deixa de ser considerada na determinação da gravidade na medida em que se tem verificado que o valor de FEV1 é um indicador fraco do estado da doença.

Por último, foram abordadas questões relativas ao tratamento farmacológico e não farmacológico e, novamente, às actualizações da GOLD 2017. É de notar que foi introduzida uma orientação para que a terapêutica seja mais personalizada, inclusivamente com estratégias para titulação e desmame. Assim, defendem-se presentemente as seguintes orientações para o início de tratamento:

  1. GOLD A: terapêutica broncodilatadora, de curta ou longa duração de acção, de acordo com o seu efeito na dispneia.
  2. GOLD B: broncodilatador de longa duração de acção. A escolha LAMA vs LABA deve depender da percepção do paciente quanto ao alívio dos sintomas. Caso os sintomas persistam está recomendada a associação LAMA/LABA.
  3. GOLD C: broncodilatador de longa duração de acção. Nesta classe, a escolha inicial deve recair num LAMA. Doentes com exacerbações frequentes poderão beneficiar com a adição de um segundo broncodilatador ou, em alternativa, com uma associação de LABA/ICS, caso haja sobreposição Asma/DPOC.
  4. GOLD D: iniciar a terapêutica com uma combinação de LAMA/LABA Em doentes com sobreposição Asma/DPOC, a terapia inicial com LABA/ICS pode ser a primeira opção. A grande maioria dos doentes vai beneficiar com LAMA/LABA/ICS.