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Fibromialgia



Definição: Síndrome caracterizado por Dor Crónica generalizada com componente prioritariamente miofascial, associada a múltiplos sintomas como: Fadiga, Alterações da qualidade do sono, Alodínia, Alterações cognitivas, Alterações psicológicas.

Etiologia: Desconhecida, havendo várias hipóteses:

  • Determinantes genéticas, tendo-se verificado maior prevalência em pessoas da mesma família.
  • Disfunção dos mecanismos de processamento Central da Dor,  contribuindo para a “sensibilização Central” do processo álgico, o que contribuiria para a diminuição do limiar de Dor.
  • Possibilidade de existência de alterações imunitárias a nível de IgG e IgA.

Prevalência: 2% das consultas de MGF, 15% das consultas de Reumatologia.

Mais predominante em mulheres entre os 20 e 60 anos (4,2%), mas também em homens 1,4%.

Diagnóstico: Os critérios de diagnóstico de Fibromialgia, desenvolveram-se desde os primeiros conceitos dados por Smythe e Moldofsky em 1977—baseada na existência de, pelo menos, 11 de 18 pontos dolorosos miofasciais, que determinariam o diagnóstico.

Esses conceitos foram substituídos pelo enfase na avaliação da sintomatologia, como um todo pela American College of  Rheumatology, que criou Critérios de diagnóstico cujo aperfeiçoamento desde os ACR 1990 até aos ACR de 2010/2011, ACR 2016/2017, se complementaram com escalas dirigidas para o quadro geral.

Numa revisão realizada em 2016 em relação aos critérios de diagnóstico 2010/2011, e mais tarde em 2017, o diagnóstico de Fibromialgia na versão validada para Portugal, depende de:

  • Presença de sintomas álgicos mantidos e generalizados durante 3 meses, acompanhados de fadiga, sono não reparador e alterações cognitivas.
  • Realização de exames complementares: Hemograma completo, Proteina C reactiva, doseamento de TSH, Creatinina Fosfoquinase, Cálcio Sérico.
  • Aplicação do questionário FIQR ( Revised Fibromyalgia Impact Questionaire ), o qual será positivo para valores »13 dos 21 itens aplicados. Desses itens, 9 representam função, 2 impacte global e 10 sintomas gerais O diagnóstico será positivo se:
  • Índice de Dor generalizada (WPI)»7; escala de severidade sintomática (SSS)»5
  • (WPI) entre 3-6 e (SSS)»9. Com presença de dor abdominal, e/ou cefaleias, e/ou depressão, nos últimos 6 meses.
  • O diagnóstico de FM, não exclui a existência de outras patologias importantes: Doenças reumáticas inflamatórias, doenças osteodegenerativas, patologia do neuroeixo, doenças oncológicas...

NOVOS CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO – Mais rápido para um diagnóstico de FM associada a doença reumática inflamatória, uma vez que é comum a sua associação.

FIRST ( Fibromialgia Rapid Screening Tool) – Positivo para Score 5-6 90% de sensibilidade / 86% especificidade.

Terapêutica:

  • Farmacológica: Sendo uma patologia sem cura, a sua abordagem será dirigida para o controle sintomático numa vertente central (neuroplasticidade) e de reequilíbrio dos neuromediadores. Com Forte Evidência- Duloxetina, Pregabalina, Tramadol- este último com atenção à dependência e tolerância. Evidência moderada- Amitrptilina, ciclobenzaprina, Fluoxetina. Contraindicação formal para os opióides fortes e relativa para os AINEs.
  • Não farmacológica: Evidência Moderada- Exercício Físico Aeróbio, Massagem, Acupuntura, Balneoterapia activa/passiva. Terapia cognitivo comportamental, hipnoterapia, técnicas de relaxamento.

Conclusão: Sendo a Fibromialgia uma síndrome do foro reumatológico de causa desconhecida o seu diagnóstico obriga a  uma abordagem multidisciplinar que envolva ativamente o doente e suas famílias, tanto na gestão das espectativas como na adesão terapêutica, na tentativa do controle sintomático e melhoria da  qualidade de vida.

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Bibliografia e referências:

  1. Semin. Arthitis Rheum. 2016 Dec: 46 (3): 319-329
  2. American College of Rheumatology Revision of 2016-“ Fibromyalgia diagnostic criteria”- 20/5/2017
  3. PAIN Vol150 August 2010 Pag 250-256 "Development and validation of the Fibromyalgia Screening Tool (FIRST)"
  4. Norma DGS No 017/2016 actualização 13/07/2017
  5. 2016 Revisions to the 2010/2011 fibromyalgia diagnostic criteria