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Insulina, quando e como?


Dra. Angela Neves | Medicina Geral e Familiar

Unidade de Saúde Familiar de Santa Maria


Nem sempre se consegue o controlo da diabetes com antidiabéticos orais (ADO), quer por descontrolo metabólico apesar de doses optimizadas quer por circunstâncias específicas da pessoa com diabetes. A insulina em monoterapia comparativamente aos antidiabéticos orais é uma arma potente com estudos que demonstram uma redução de HbA1c de 1,5 a 3,5%.

Em diabetes de longa duração o quadro é dominado por uma diminuição na capacidade de secreção de insulina pelo pâncreas. Desta forma quais as indicações formais para terapêutica com insulina? Dentro do descontrolo metabólico podemos referenciar 3 situações: hiperglicemia em jejum apesar de doses optimizadas de ADOs, hiperglicemias pós prandiais persistentes, esquemas de fármacos muito complexos que possam levar a má adesão.

Dentro dos outros motivos para instituição de insulina temos:

  1. Insuficiência renal (doença renal estádio V).
  2. Insuficiência hepática.
  3. Gravidez (metformina já com indicação na gravidez) ou plano de engravidar.
  4. Intercorrências tal como infecções graves, enfarte agudo miocárdio ou cirurgia.
  5. Cetoacidose.
  6. Casos graves de emagrecimento.

Quando não atingimos os valores de HbA1c com terapêutica oral optimizada pode-se iniciar uma insulina basal. Após instituição de insulina basal (que pode estar associada à metformina) pode associar-se insulina rápida a uma até 3 das refeições principais. Outra alternativa apesar de ser uma estratégia mais rígida é associar insulinas pré-misturadas de acordo com esquemas individualizados divididos pela noite e manhã.

Na instituição de terapêutica com insulina é importante avaliar sempre as hipoglicemias e ensinar o doente a lidar com as mesmas. Em doentes treinados o doente pode ser ensinado a fazer o ajuste das doses sem necessidade de recorrer aos cuidados médicos, contudo muitas vezes é necessário um acompanhamento mais de perto e personalizado tendo o doente de se deslocar a unidade de saúde para ajuste das doses de insulina.

Deve-se tentar sempre adquirir uma autonomia das pessoas com diabetes o que nem sempre é possível. O envolvimento dos familiares é fundamental e a rede social de apoio (lares, centros de dia) deve ter um papel central na gestão terapêutica destes doentes. recursos na comunidade como as UCC devem ser contactadas no sentido de apoiarem o doente em todas as fases de tratamento.

Em todas as consultas deve dedicar-se um espaço a esclarecimento de dúvidas e revisão da técnica de administração. É importante fazer-se a palpação do abdómen na procura de lipodistrofias que possam comprometer a absorção da insulina. As unidades devem ter materiais didáticos chamativos e elucidativos: modelos para locais de injecção de insulina, folhetos de como lidar e identificar hipoglicemias.