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O rastreio da osteoporose e papel da FRAX


Dr. Tiago Meirinhos | Reumatologia

Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro


A osteoporose (OP) é uma doença extremamente prevalente, estimando-se que em Portugal ocorra em cerca de 10 % da população, maioritariamente no género feminino por motivos hormonais pós-menopausa. Nesta doença ocorre perda de massa óssea, com maior suscetibilidade de ocorrência de fratura óssea perante uma queda de baixo impacto. Em 2019, ocorreram em Portugal cerca de 71.000 fraturas osteoporóticas, que podem ocorrer em qualquer osso, maioritariamente a nível do punho, vertebras, úmero proximal e colo do fémur. Até ocorrer fratura óssea, a osteoporose não provoca qualquer sintoma, e, portanto, é essencial saber como rastrear, e quais os principais fatores de risco para a ocorrência de fraturas.

De acordo com as recomendações nacionais atualmente em vigor (publicadas em 2018), o rastreio da osteoporose primária deverá ser feito com a ferramenta FRAX. Trata-se de um algoritmo de cálculo de risco de fratura (major e da anca) e decisão de tratamento (definindo os limiares para tratamento farmacológico) que foi calibrado para cada país, e que tem em linha de conta os principais fatores de risco para a ocorrência de fratura, nomeadamente idade, género, peso e altura, consumo de álcool e tabaco, fraturas prévias, uso de corticoides e outras doenças crónicas, bem como a história familiar de fratura da anca. Uma das particulares da FRAX, nem sempre conhecida, é o facto de permitir o cálculo do risco de fratura com ou sem valores densitométricos (incluindo o T-score). Ou seja, mesmo sem densitométrica prévia, é possível aferir o risco de fratura major e da anca, a 10 anos, enfatizando a valorização cada vez mais relevante dos fatores de risco clínicos.

A versão atual da FRAX tem algumas limitações, nomeadamente o facto de não avaliar diretamente o risco de queda, e de não avaliar de forma contínua algumas variáveis, nomeadamente o número e tipo de fraturas prévias e a dose de corticoterapia. Outra das limitações é o facto de, perante a inclusão da DEXA no algoritmo, considerar apenas o valor densitométrico da anca, excluindo os valores vertebrais, o que por vezes condiciona a menor valorização dos resultados obtidos.

Neste momento está em processo de validação e adaptação regional uma nova versão da FRAX (chamada FRAX Plus), que irá tentar dar resposta a algumas das limitações da versão atual.


Bibliografia e referências: