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A abordagem da osteoporose nos cuidados de saúde primários


Dr. Tiago Meirinhos | Reumatologia

Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro


A osteoporose (OP) é uma doença muito prevalente, mas claramente subdiagnosticada e subtratada. Nesta doença, ocorre deterioração da qualidade da matriz óssea, com consequente risco acrescido de fratura em caso de traumatismo de baixo impacto. Trata-se de uma doença silenciosa, na qual não há sintomas até ocorrerem fraturas, que são precisamente a complicação que queremos evitar1.

Atualmente, sabemos que os fatores de risco clínico são de extrema importância para o cálculo do risco fraturário, e, neste sentido, o uso do FRAX está recomendado em todos os indivíduos acima dos 50 anos. O FRAX pode ser calculado sem realização de densitometria óssea prévia. Porém, quando temos este exame disponível, o FRAX considera apenas a densidade óssea a nível do fémur, e não vertebral, o que constitui uma das suas maiores limitações2.

As pessoas com fratura da anca, fratura vertebral sintomática, ou fraturas de baixo impacto, independentemente do local ou sintomas associados, têm indicação para tratamento. Nos indivíduos sem fraturas prévias, devem receber tratamento farmacológico os doentes com risco de fratura major, segundo o FRAX sem uso de DEXA, acima de 11% para fratura major e 3% para fratura da anca; no caso de incluirmos a DEXA, este limiar diminui para 9% e 2,5%2.

Existem atualmente várias opções de tratamento eficazes na prevenção de fraturas osteoporóticas, nomeadamente os tratamentos antireabsortivos (bifosfonatos e denosumab) e osteoformadores (teriparatide).

Tal como em outras doenças crónicas, também na osteoporose a adesão ao tratamento é um problema, com muitos doentes a abandonarem os tratamentos por vários motivos, entre os quais os efeitos adversos, nomeadamente gastrointestinais. Neste sentido, é importante apresentar ao doente as várias opções de tratamento disponíveis, partilhando decisão com o doente para melhor persistência em tratamento1.

O denosumab é um tratamento aprovado para o tratamento da osteoporose, que é administrado por via subcutânea de 6/6 meses, e não necessita pausa no tratamento, podendo ser feito indefinidamente, se o risco clínico assim o justificar. É administrado facilmente pelo doente, familiar ou profissional de saúde, e não apresenta registo de intolerância gastrointestinal. Nos doentes com doença renal crónica, pode ser administrado sem qualquer necessidade de ajuste posológico. O denosumab provou ser superior aos bifosfonatos na elevação da densidade mineral óssea, com aumentos sustentados até aos 10 anos de tratamento3.

Assim, o denosumab é um tratamento indicado para os doentes com osteoporose, e a sua posologia e perfil de segurança são adequados ao doente polimedicado e com comorbilidades, nomeadamente com doença gastroesofágica ou doença renal crónica3.


Bibliografia e referências: