Publicidade banner-canal-diabetes-en-la-red-pt

Contraceção sem estrogénios como a primeira opção na contraceção hormonal oral



Nos Estados Unidos da América, em julho de 2023, foi aprovada a primeira formulação contracetiva oral (pílula), sem necessidade de prescrição médica (Opill). O princípio ativo da mesma é o norgestrel, um progestagénio. Uma formulação sem estrogénios com o primordial objetivo de prevenção da gravidez e sem necessidade de orientação/prescrição médica. Uma das razões referidas pela FDA é a segurança da utilização desta pílula. As precauções/contraindicações apontadas focalizam-se sobretudo para quem tem antecedentes pessoais de cancro da mama.

Na contraceção hormonal oral, um dos temas considerados com essenciais é o risco associado de tromboembolismo (segurança). Para as formulações exclusivas com progestativos, a associação é limitada, com as evidências atuais a sugerirem que tais formulações não incrementam o risco ou eventos cardiovasculares, particularmente Acidente Vascular Cerebral (ACV) e infarto do miocárdio.

Em Portugal é reconhecida a existência de formulações com o desogestrel, um progestagénio com efeitos androgénicos, relacionado com a ocorrências de episódios de hemorragias uterinas irregulares e com um intervalo de eficácia de 12 horas, infelizmente conotado com mini-pílula (apesar de inibir eficazmente a ovulação) ou pilula da amamentação. Trata-se duma alternativa de contraceção regular, inclusive em mulheres sem estar a amamentar.

Desde 2020, existe em Portugal uma nova formulação contracetiva com drospirenona, exclusiva em progestagénio, com uma similaridade biológica à progesterona, sem efeitos androgénicos, com 24 horas de intervalo de segurança e um padrão menstrual mais tolerável que a formulação com desogestrel. Ambas as formulações, são seguras nas mulheres com ou sem risco de doença cardiovascular. Sendo este o enfoque e com novas alternativas, será necessário prescrever em primeira opção pílulas com estrogénios?

A ação dos progestagénios na contraceção e sobre a inibição folicular é maior comparativamente aos estrogénios. Estes, não têm efeito no muco cervical, as hemorragias uterinas irregulares podem surgir em 20 a 30% das utilizadoras da contraceção hormonal oral combinada nos primeiros 3 a 6 meses. Cabe aos profissionais de saúde refletirem se não podemos mudar o paradigma na contraceção hormonal oral: como primeira opção, progestagénios em exclusivo e apenas na intolerância destas formulações, acrescentar estrogénios, e de preferência, não etinilestradiol.


Bibliografia e referências: