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Infeções do trato urinário recorrentes na mulher em pós menopausa e o papel da terapia hormonal tópica


Dra. Susana Costa | Ginecologia/Obstetrícia

Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-Espinho


A infeção do trato urinário (ITU) é a segunda patologia infeciosa mais comum. Pós-menopausa/hipoestrogenismo é um fator de risco para ITU’s de repetição (2 ou mais ITU em 6 meses; 3 ou mais ITU em 1 ano).

O diagnóstico de ITU é particularmente desafiante na mulher em idade avançada (figura 1) pela elevada prevalência de sintomas urinários crónicos (urgência, a frequência e a incontinência urinária), de bacteriúria e piúria sem necessária relevância clínica. Nesse sentido, os meios complementares de diagnóstico devem ser requisitados para auxílio no diagnóstico e com base na probabilidade de ITU sintomática. Na urocultura mantém-se o teste gold-standard para diagnóstico de ITU. Por outro lado, quando requisitada tira teste de urina, é mais provável existirem falsos negativos do que falsos positivos.

Avaliação de mulher com > 65 anos e com ITU
Figura 1: Avaliação de mulher maior de 65 anos e com ITU1.

Se, após avaliação clínica e analítica, assumir-se ITU como diagnóstico principal, deverá ser iniciada antibioterapia empírica (tabela 1). Contudo, cerca de 25-50% das doentes com sintomatologia recuperam ou melhoram espontaneamente ao final de uma semana.

Tabela 1: Tratamento de 1º linha na ITU baixa.
TSA: teste de sensibilidade antibiótica

 
Fármaco Dose Duração TSA E. coli
Fosfomicina 3g, via oral, 1x/dia Toma única 96.7%
Nitrofurantoína 100mg, via oral, 4x/dia 7 dias 97.9%

Nos casos de cistite recorrente, após tratamento do episódio agudo, deverão ser recomendadas medidas preventivas com eficácia comprovada, tais como:

  • Antibioprofilaxia: trimetoprim-sulfametoxazole, 40/200 mg, 1 vez por dia ou nitrofurantoína, 100 mg, 1 vez por dia durante 6-12 meses
  • Terapia hormonal tópica (tabela 2)

Tabela 2: Terapia tópica comercializada em Portugal, adaptado dos Consensos da Menopausa, Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 20212.
Fármaco Dose Nome comercial
Estradiol 10μg. 2x/semana

Vagifem;

Formyra

Estriol 1 mg/g. 2x/semana Ovestin
0,125 mg/g. 2x/semana Pausigin
0,05 mg/g. 2x/semana Blissel; Gelistrol
Estriol + Lactobacillus     0,03 mg/g. + 50 mg. 2x/semana Gynoflor
Prasterona 6,5 mg. 1x/día Intrarosa

Perguntas frequentes:

No caso de mulher pós-menopausa, a fosfomicina pode ser considerado tratamento primeira linha? A fosfomicina é tratamento de primeira linha na mulher pré e pós-menopausa, sem distinção.

Até que idade se pode recomendar terapia hormonal tópica? Não há idade limite para a prescrição de terapia hormonal tópica se indicado (ITU’s recorrentes e/ou atrofia vulvovaginal) e na ausência de contraindicações.

A terapia hormonal tópica é útil também em sintomas vasomotores da menopausa? Sendo uma terapêutica essencialmente local, com absorção sistémica negligenciável e circulação entero-hepática, a terapia hormonal tópica não apresenta qualquer efeito sobre a sintomatologia vasomotora.


Bibliografia e referências: