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Medidas higienodietéticas, uso de elástica e toma de fármacos venoativos na abordagem da doença venosa crónica


Dra. Joana Ferreira | Angiologia e Cirurgia Vascular

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real


A doença venosa crónica é uma patologia que tem um grande impacto na qualidade de vida do indivíduo. Deste modo, devemos utilizar todas as estratégias com o objectivo de controlar os sintomas. A abordagem do doente com doença venosa crónica deverá ser holística. Assim, é muito importante recomendarmos medidas higienodietéticas:

  • Evitar estar elevadas horas na posição ortostática
  • Elevar os membros inferiores
  • Praticar de forma regular exercício físico
  • Evitar a obesidade e realizar drenagem linfática

Além destas medidas terapêuticas também são recomendadas como o uso de elástica e toma de fármacos venoativos. Estas recomendações visam sobretudo controlar os sintomas, mas também prevenir a evolução da doença.

Sabe-se que a obesidade está associada a formas graves e à progressão doença venosa crónica.

Elevadas horas na posição de pé também contribui para a progressão da doença.

O exercício físico melhora os sintomas, o que é espontaneamente relatado pelos doentes, na nossa prática clínica, mas também é descrito nas guidelines das sociedades científicas.

A drenagem linfática é um tratamento que contribuiu para a melhoria do edema e para o alívio dos sintomas.

A meia elástica é extraordinariamente eficaz no controlo da sintomatologia. Na maioria dos doentes, a meia recomendada é a meia grau II, exceto no estado C0 da classificação CEAP (Clinical-Etiological-Anatomical-Pathophysiological) em que a opção correta é a meia elástica grau I. Na prática clínica é muitas vezes difícil motivar o doente para o uso de meia elástica. Várias estratégias práticas poderão ser adotadas:

  • Prescrição, numa fase inicial, de uma classe inferior à recomendada
  • Permitir ao doente optar por uma meia até ao joelho, raiz da coxa ou região umbilical de acordo com o seu gosto pessoal
  • Realçar a importância de uma medição correta dos membros inferiores de modo a aumentar a eficácia e o conforto da meia

Os fármacos venoativos não são todos iguais. A fração flavonóica purificada micronizada (FFPM) demonstrou, com grau de evidência 1A, a sua extraordinária eficácia no controlo de sintomas. Podemos dizer, que o FFPM é um fármaco anti-inflamatório específico do sistema venoso, com vários mecanismos de ação: aumenta o tónus venoso, aumenta a drenagem linfática, diminui a permeabilidade capilar, tem uma ação anti-inflamatória, inibindo a interação leucócito-endotélio e reduzindo a produção de radicais livres, também protege células endoteliais venosas. Alguns estudos demonstram que o FFPM inibe a progressão da doença venosa.

A dose recomendada do FFPM para o tratamento da doença venosa crónica é 1.000 mg por dia.

Os diferentes fármacos venoativos têm diferentes mecanismos de acção e deste modo poderia parecer lógico o benefício da sua associação. Contudo até à data não há evidência científica que corrobore este facto.

Além do tratamento médico (que deverá ser utilizado em todas as fases da doença venosa crónica) os doentes com varizes tronculares ou com alterações tróficas, no contexto de doença venosa crónica também podem beneficiar de tratamento cirúrgico. Este deverá ser adaptado ao padrão de doença venosa e como tal o doente deverá ser orientado para consulta externa de Cirurgia Vascular.

Além do impacto na qualidade de vida, a doença venosa crónica poderá estar associada a complicações como úlcera venosa, trombose venosa superficial e varicorragia, pelo que todas as armas terapêuticas deverão ser utilizadas na doença venosa crónica.