Novas Guidlines de Tratamento da FA - o que muda na prática clínica
O tratamento da fibrilação auricular (FA) tem vindo a mudar de forma significativa, o que se refletiu na publicação de umas novas guidelines em Setembro de 2016.
Entre as várias novidades destas novas guidelines estão novas recomendações para a utilização de terapêutica anti-trombótica na FA:
- A aspirina deixa de ser uma alternativa na FA.
- Para a decisão de hipocoagulação deve-se calcular o score CHADSVASC. Se este for superior ou igual a 1 (excepto se o único ponto for o sexo feminino) deve ser iniciada hipocoagulação. Se o CHADSVASC for 0, não está recomendada nenhuma terapêutica antitrombótica.
- Na FA, a hipocoagulação reduz o risco de AVC em 65% e a mortalidade total em 25%. Desta forma, deve existir uma contra-indicação absoluta para ser negada a utilização de hipocoagulação na FA.
- Os novos anticoagulantes, comparativamente à varfarina, além de serem mais confortáveis para o médico e para o doente, mostraram reduzir o risco de hemorragia intracraneana e a mortalidade total. Deste modo, nas ultimas guidelines de FA os novos anticoagulantes (NOACs) surgem como opção de primeira linha na hipocoagulação da FA (recomendação de Classe IA)
- Os NOACs estão contra-indicados nos doentes com estenose mitral reumática, próteses mecânicas e quando o clearance da creatinina é < 15 ml/min. É importante conhecer os protocolos de ajuste de dose dos NOACs, conforme foi detalhado na sessão.
Finalmente, importa lembrar que a FA é frequentemente uma doença “silenciosa” sobretudo no idoso. Desta forma as guidelines recomendam o “rastreio oportunístico” da FA nos doentes com mais de 65 anos através da simples palpação do pulso durante a consulta. Se o pulso for arrítmico deve ser pedido um electrocardiograma para confirmação do diagnóstico.