Prescrição de anticoagulantes orais em Portugal: a era dos NOACs
O acidente vascular cerebral é uma das principais causas de morbi-mortalidade em Portugal, e a etiologia cardioembólica, entre as quais se inclui a fibrilhação auricular, tem uma contribuição substancial.
A anticoagulação oral reduz o risco de AVC e de mortalidade nos doentes com fibrilhação auricular.
Os antagonistas da vitamina K (varfarina ou acenocumarol) possuem múltiplas interações medicamentosas e alimentares, possuindo adicionalmente uma janela terapêutica estreita, com necessidade de controlo laboratorial da hemostase (INR) e ajustes posológicos regulares.
A ausência de logística para a monitorização adequada, a incapacidade para manter o INR em intervalos recomendados, tal como receios do médico e/ou doente, fizeram com que a prescrição de anticoagulantes em Portugal fosse inferior a 50%.
Os novos anticoagulantes orais (NOACs, apixabano, dabigatrano, edoxabano e rivaroxabano) foram aprovados e estão actualmente comparticipados para os doentes com fibrilhação auricular. As suas propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas associam-se a uma eficácia clínica pelo menos não inferior a varfarina, uma segurança superior (no que diz respeito a hemorragias graves, particularmente intracranianas) e maior comodidade sem necessidade de controlos e ajustes posológicos frequentes.
Estas características são facilitadoras da prescrição, tendo-se verificado nos últimos anos um aumento significativo de prescrição de anticoagulantes orais à custa dos NOACs, e no inicio de 2016 a prescrição de NOACs superou a de antagonistas da vitamina K.
Portugal já está na era dos NOACs e o conhecimento destes novos fármacos é essencial.