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Principais causas e opções de tratamento: candidose vulvovaginal, tricomoníase e vaginose bacteriana


Dra. Susana Costa | Ginecologia/Obstetrícia

Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia-Espinho


As infecções vaginais são um problema comum. Cerca de 90% das infecções vaginais são diagnosticadas como candidose vulvovaginal, tricomoníase e vaginose bacteriana, sendo esta última a mais frequente. Em raros casos, o agente etiológico não é identificado, sendo que nesses casos devemos ponderar outros diagnósticos, tais como: dermatite alérgica (detergente, preservativos, espermicidas, pensos, etc.), vaginose citolítica e corpo estranho vaginal (compressão ou tampão).

A candidose vulvovaginal é uma infecção da vulva e vagina por um fungo (Candida spp). Contudo, este coloniza a vagina e faz parte da flora vaginal de mulheres “saudáveis”. Se presença de determinadas condições (diabetes mellitus mal controlada, antibioterapia recente, gravidez, imunossupressão), o fungo multiplica-se tornando-se patogénico e sintomático. O exame cultural é o método gold-standard para diagnóstico, contudo deverá apenas ser realizado se candidose recorrente (3 ou mais episódios anuais), sintomatologia refratária ao tratamento ou dúvida diagnóstica. Como a Candida spp pertence à flora vaginal, a sua identificação em exame cultural (ou em citologia cervical, por exemplo) não pode ser assumida como infecção na ausência de sintomas associados. O tratamento com azóis tópicos ou orais é apenas realizado em mulheres sintomáticas (prurido e eritema vulvar, ardor, corrimento branco e grumoso). Nas grávidas, o tratamento com azóis orais está contraindicado. Os parceiros sexuais só deverão ser medicados se houver presença de balanite, que é uma manifestação clínica rara.

A vaginose bacteriana é a causa mais comum de corrimento vaginal anómalo. O exame microscópico a fresco é o método de eleição para diagnóstico. Sendo que a etiologia da vaginose bacteriana é polimicrobiana (Gardnerella spp, Prevotella spp, etc.), a cultura não é recomendada. O tratamento com metronidazol oral ou vaginal está indicado em mulheres sintomáticas (corrimento branco-acinzentado, homogéneo, com odor intenso a peixe) ou em mulheres assintomáticas submetidas a cirurgia ginecológica. De realçar que 50-70% das mulheres com critérios microscópicos para vaginose bacteriana estão assintomáticas e, dessa forma, não necessitam de tratamento dirigido. Não é necessário medicar os parceiros sexuais.

A tricomoníase é a infecção sexual transmissível (IST) não vírica mais comum e é causada pela T. vaginalis. Os testes moleculares são o meio de diagnóstico gold-standard. O tratamento com metronidazol oral deverá ser oferecido a todas as mulheres e parceiros sexuais, sintomáticos (corrimento amarelo-esverdeado e arejado, com cheiro fétido associado e alterações vulvares) ou assintomáticos. Deverá ser recomendada abstinência sexual até completar o tratamento realizado e o rastreio para outras IST’s como o HIV.


Bibliografia e referências: