Principais factores que aumentam ou diminuem o risco de doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte nos países europeus, sendo responsável por aproximadamente 45% de todas as mortes (49% nas mulheres e 40% nos homens), estimando-se cerca de 4 milhões de mortes na Europa, anualmente, por esta patologia.
Frequentemente, os eventos cardiovasculares causadores de morte, nomeadamente, o enfarte agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral isquémico são uma consequência da aterosclerose nas artérias.
São vários os factores que aumentam ou diminuem o risco de doenças cardiovasculares/ateroscleróticas (por exemplo: idade ou género), contudo salientam-se os factores que podemos modificar:
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Factores que aumentam o risco cardiovascular:
- Dislipidemia
- Diabetes mellitus
- Hipertensão arterial
- Obesidade (sobretudo a obesidade visceral – caracterizada pelo aumento do perímetro abdominal)
- Tabagismo
- Stress
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Factores que diminuem o risco cardiovascular:
- Atividade/exercício físico
- Dieta mediterrânica
- Ingestão de uma quantidade moderada de bebidas alcoólicas
O estudo de caso controle Interheart demonstrou que a dislipidemia (aumento do valor de colesterol) foi o principal factor de risco, tendo sido responsável por mais de metade dos casos de enfarte agudo do miocárdio.
Desta forma, a elevação dos lípidos (nomeadamente colesterol LDL) é um dos principais fatores de risco cardiovasculares. A diminuição do colesterol LDL (C-LDL) traduz-se numa redução muito relevante dos eventos fatais e não fatais nomeadamente nos doentes de alto e muito alto risco cardiovascular. Desta forma a prioridade é calcular o alvo de C-LDL a atingir mediante o score de risco e optimizar as terapêuticas de forma a alcançar o alvo de C-LDL.
Contudo, vários estudos têm demonstrado que os triglicerideos e o colesterol não HDL têm papel relevante na população de doentes com dislipidemia aterogénica (nomeadamente nos doentes com diabetes). O estudo FIEL e ACCORD-LIPID demonstrou que a utilização o fenofibrato esteve associado a uma redução de risco bastante significativa na população de doentes com dislipidemia aterogénica conseguindo reduzir de forma relevante o risco residual.
Várias sociedades têm indicado, que após a colocação dos doentes no nível de C-LDL, devemos alcançar uma redução do colesterol não HDL e dos triglicerídeos nos doentes com dislipidemia aterogénica permitindo alcançar maiores reduções de risco cardiovasculares.
Bibliografia e referências:
- François Mach, Colin Baigent, Alberico L Catapano et al. 2019 ESC/EAS Guidelines for the management of dyslipidaemias: lipid modification to reduce cardiovascular risk.Eur Heart J. 2020 Jan 1;41(1):111-188.
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- Alberto Mello e Silva, Carlos Aguiar, João Sequeira Duarte et al. CODAP: um consenso multidisciplinar sobre dislipidemia aterogénica em Portugal. Rev Port Cardiol. Volume 38, Issue 8, August 2019, Pages 531-542
- Brian A. Ference, MPhil, John J. P. Kastelein et al. Association of Triglyceride-Lowering LPL Variants and LDL-C–Lowering LDLR Variants With Risk of Coronary Heart Disease. JAMA. 2019;321(4):364-373.
- Paul D. Rosenblit. Do Persons with Diabetes Benefit from Combination Statin and Fibrate Therapy? Curr Cardiol Rep (2012) 14:112–124.