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Referenciação para a imunoalergologia: quando e porquê?


Dra. Helena Pité | Imunoalergologia

CUF Descobertas Hospital, Lisboa


A crescente prevalência e gravidade das doenças alérgicas a que assistimos nas últimas décadas justificam uma, cada vez mais funcional, articulação entre os Cuidados de Saúde Primários e a especialidade de imunoalergologia.

As principais áreas de diferenciação em imunoalergologia são:

  • Rinite/rinossinusite
  • Conjuntivite alérgica
  • Asma/sibilância recorrente
  • Eczema/dermatite atópica
  • Urticária
  • Angioedema
  • Anafilaxia
  • Alergia alimentar
  • Hipersensibilidade/alergia a medicamentos, látex, insetos
  • Imunodeficiências

Como regra, os critérios de referenciação são clínicos, seja pela gravidade, pela interferência com a qualidade de vida/desempenho, pela particularidade, pela necessidade de diagnóstico/diagnóstico diferencial, pela existência de complicações, resposta insuficiente ou efeitos secundários do tratamento. Não devem ser necessários exames para referenciar, embora resultados alterados possam ser motivo para referenciação (como por exemplo no caso de alterações nas provas de função respiratória). Situações de particular vulnerabilidade, como grávidas ou crianças abaixo da idade escolar, beneficiam de referenciação mais precoce e acompanhamento conjunto de ambas as especialidades. De entre as patologias alérgicas, salienta-se que todos os casos de anafilaxia ou suspeita de hipersensibilidade/alergia alimentar ou a fármacos, ao látex ou a insetos devem ser referenciados. Na maioria das situações, é possível esclarecer a etiopatogenia e estabelecer um plano de abordagem terapêutico com redução do risco futuro (incluindo de mortalidade) e melhoria da qualidade de vida.

Para além da avaliação clínica especializada, o imunoalergologista pode também ajudar com a realização de exames complementares diagnósticos específicos e mais diferenciados, desde a realização e interpretação de testes de alergia (in vivo e in vitro, incluindo estudos moleculares), provas de função respiratória (incluindo provas de função nasal e também de estimulação brônquica–broncodilatação, exercício e metacolina) e ainda provas de provocação específicas (nasais/conjuntivais/orais/cutâneas, com aeroalergénios, alimentos, fármacos ou agentes físicos), correlacionando a clínica com os resultados destes exames, seja para efeitos de diagnóstico, ajuste terapêutico ou para identificar alternativas seguras. No tratamento, a otimização das medidas de evicção de irritantes e de alergénios que sejam clinicamente relevantes é efetuada, a par de medidas de educação para a saúde, no que diz respeito ao controlo da doença, gestão de medicamentos e monitorização. O ensino e a verificação da técnica inalatória e tópica nasal são essenciais. Para além do tratamento de manutenção/de controlo, a imunoalergologia pode ainda ajudar com a implementação de esquemas de tratamento eficazes e seguros em caso de agudização/reação por contacto acidental com o alergénio.

O uso de terapêuticas imunomoduladoras, incluindo agentes biológicos, tem sido modificador da qualidade de vida de muitos doentes crónicos. Nos casos de alergia grave e/ou persistente, os tratamentos de imunoterapia específica (vacinas anti-alérgicas) ou indução de tolerância são o único tratamento capaz de modificar a história natural da doença, contribuindo fortemente para a melhoria da qualidade de vida dos doentes, com diminuição das reações e da necessidade de medicação.