Como a dor afeta a qualidade de vida dos nossos pacientes?
A dor é uma das causas mais frequentes de recurso aos cuidados de saúde. A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão ou doença potencial o real. Assim, ao avaliar um doente com dor é fundamental ter em conta não apenas a componente sensorial da dor, mas o seu impacto na sua funcionalidade, vida social e saúde mental.
Etiologias mais frequentes
As etiologias mais frequentes de dor são a dor musculoesquelética, associada à patologia degenerativa fruto do envelhecimento populacional, e dor neuropática, com uma forte associação à doença metabólica como a diabetes mellitus, a procedimentos cirúrgicos ou toxicidade associada a quimioterapia.
Tratamento da dor
O tratamento precoce e adequado a dor aguda é a principal medida preventiva relativamente ao desenvolvimento de dor crónica. Neste âmbito, saber identificar o(s) mecanismo(s) associados à dor, nociceptivo ou neuropático, é fundamental para podermos adequar o melhor plano terapêutico para o nosso doente. Por outro lado, a avaliação de uma pessoa com dor vai muito para além da avaliação da intensidade da dor e do exame físico. É fundamental termos uma abordagem biopsicossocial do nosso doente tendo em conta o enorme sofrimento que a dor acarreta na vida destes doentes e com um impacto significativo nas múltiplas dimensões da vida da pessoa (lazer, trabalho, sono, etc). É, igualmente importante, destacar a enorme prevalência de ansiedade e depressão nos doentes com dor crónica, o que irá condicionar a eficácia relativa do tratamento da dor, o qual não pode ser dissociado da abordagem destas patologias.
O tratamento da dor deve sempre assentar numa abordagem multimodal com vista a minimizar os efeitos adversos e potenciará a eficácia relativa das opções terapêuticas vigentes. A escolha das classes farmacológicas deve ser baseada em função do mecanismo de dor associada e da avaliação da resposta do doente em termos de eficácia e funcionalidade. Como tal, as opções de tratamento não farmacológicas (exercício, fisioterapia, psicoterapia, etc.) devem igualmente integrar o plano de tratamento destes doentes com vista a maximizar a melhoria funcional e na qualidade de vida destes doentes.
Bibliografia e referências:
- O'Brien T, Christrup L. L, Drewes A. M, Fallon M. T, Kress H. G, McQuay H.G, et al. European Pain Federation position paper on appropriate opioid use in chronic pain management. Eur J Pain. 2017 Jan; 21(1): 3–19.
- Hange H, Poudel S, Ozair S, Paul T, Nambakkam M, Shrestha R, et al. Managing Chronic Neuropathic Pain: Recent Advances and New Challenges. Neurology Research International. 2022 Vol. 2022.