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História dos progestativos na contraceção


Dra. Maria João Carvalho | Ginecologia/Obstetrícia

Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra


Na década de 50 do século XX, Carl Djeras, um químico de origem austríaca, sintetizou a noretisterona oral, muito mais forte que a progesterona natural e verificou-se que durante 21 dias suprimia a ovulação. Mais tarde verificaram que a associação com o mestranol reduzia a hemorragia irregular, o etinilestradiol é o metabolito ativo. Na década de 60 foi aprovado o primeiro estroprogestativo para distúrbios menstruais, com a formulação: 150 μg mestranol + 9,85 mg noretinodrel.

Os progestativos são os agentes primordiais pela inibição da ovulação. Os derivados da 19 nortestosterona, diminuem a tolerância à glicose e aumentam a resistência insulínica. Aos novos progestativos que aumentam a SHBG e diminuem a testosterona livre tivemos um grande contributo para melhoria do hiperandrogenismo como acne e hirsutismo.

Com a evolução farmacológica, os progestativos originaram menos descontinuação por efeitos secundários e melhor control de ciclo. Concretamente, os de segunda geração têm menor probabilidade de descontinuação que primeira geração e os de terceira geração poderão ser preferíveis que segunda geração no controlo de ciclo.

Considerando os progestativos de quarta geração, a drospirenona foi revolucionária. Destaca-se o seu efeito anti-androgénico, 30% do efeito do acetato de ciproterona, portanto com bom efeito no hiperandrogenismo clínico. A atividade anti-mineralocorticoide provoca uma menor reabsorção de sódio e água, não aumentando a pressão arterial e a retenção hídrica, não tendo implicações no aumento de peso. A afinidade para o recetor mineralocorticoide é 5 vezes superior à aldosterona. O dienogeste apresenta um efeito hiperprogestagénico e hipoestrogénico, inibição aromatase e COX-2, particularmente relevante na endometriose. O NOMAC tem seletividade para recetores de progesterona e sem propriedades androgénicas e glucocorticoides.

Atualmente dispomos de formulações ajustadas a vários perfis de doentes e com diversos benefícios não contracetivos que são uma premissa fundamental para melhorar a adesão a uma contraceção segura.


Bibliografia e referências:

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  2. Curtis K, Tepper N, Jatlaoui T., Berry-Bibee E., Horton L, Zapata L, et al.U.S. Medical Eligibility Criteria for Contraceptive Use, 2016. MMWR. Recommendations and reports : Morbidity and mortality weekly report. Recommendations and reports / Centers for Disease Control. 2016.
  3. Fruzzetti F., Trémollieres F., Bitzer J. An overview of the development of combined oral contraceptives containing estradiol: focus on estradiol valerate/dienogest. Gynecological endocrinology : the official journal of the International Society of Gynecological Endocrinology. 2012; 28, 400–8.
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