Publicidade banner aap porto pt

Indicações para Eco-Doppler venoso na doença venosa crónica


Dra. Joana Ferreira | Angiologia e Cirurgia Vascular

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real


A doença venosa crónica define-se como um conjunto de sinais e sintomas resultantes da alteração da estrutura e da função das veias.

De acordo com a classificação CEAP, do ponto de vista clínico, a doença venosa crónica divide-se em sete estádios: C0S, C1, C2, C3, C4, C5 e C6. O estádio C0S consiste na presença de sintomas sem qualquer alteração no exame objetivo. No estádio C1 os pacientes apresentam veias reticulares e telangiectasia. No C2 verifica-se a presença de varizes, sendo que o estádio C3 se caracteriza pela presença de edema de etiologia venosa. A alteração da estrutura da pele observa-se no estádio C4 (eczema, pigmentação, lipodermatoesclerose, atrofia branca) e a úlcera venosa cicatrizada no estádio C5. Por último, no estádio C6 observa-se úlcera venosa ativa.

Alinhado com esta definição, o diagnóstico de doença venosa crónica é clínico. Deste modo não é necessário recorrer ao Eco-Doppler, também conhecido por angiodinografia para fazer o diagnóstico. Os doentes em estádio C0S e os pacientes do estádio C1 frequentemente não apresentam qualquer alteração nos métodos de imagem e apresentam doença venosa crónica. O Eco-Doppler serve, sim, para mapear o sistema venoso superficial e assim planear a cirurgia de varizes. Na minha opinião pessoal e de acordo com a minha prática clínica, o exame neste contexto deverá ser realizado pelo médico que irá operar o doente. Nos doentes em estádio C4, C5 e C6, o Eco-Doppler é útil para avaliação etiológica (insuficiência venosa superficial ou síndrome pós-trombótico) e fisiopatológica (refluxo ou trombose venosa e respetiva localização). São também indicações para realização de eco-Doppler a suspeita de trombose venosa profunda e a suspeita da trombose venosa superficial. O Eco-Doppler neste contexto tem como objetivo avaliar a extensão do envolvimento do eixo das veias safenas, a proximidade do trombo com as veias profundas e, ainda, a presença simultânea de trombose venosa profunda.

O Eco-Doppler venoso não deverá ser utilizado para diagnosticar patologia arterial, hematoma, equimose, celulite ou outras patologias da pele, tecido celular subcutâneo ou osteoarticular.


Bibliografia e referências:

  1. Ordem dos médicos. Norma da direção geral da saúde sobre eco-Doppler venoso dos membros inferiores. 2017.
  2. Prochaska J H, Arnold N, FalckeA, Kopp S, Schulz A, Buch G, et al. (2021). Chronic venous insufficiency, cardiovascular disease, and mortality: a population study. European Heart Journal. 2021. 42.40. 4157.4165.
  3. Eberhardt, R.T. and J.D. Raffetto. Chronic venous insufficiency. Circulation. 2005.111.18.2398-409.
  4. Criqui M H, Jamosmos M, Fronek A, Denenberg J O, Langer R D, Bergan J, et al. Chronic venous disease in an ethnically diverse population: The San Diego Population Study. American Journal of Epidemiology, 2003. 158(5), 448–456.
  5. Capitão L M, Menezes J D, Oliveira A G. Epidemiologia da insuficiência venosa crónica em Portugal. Ata Médica Portuguesa. 1995. 8. 485. 491.
  6. Medeiros J, A Mansilha A.Estratégia terapêutica na doença venosa crónica. Therapeutic strategy in the chronic venous disease. 2012.
  7. Maeseneer M G, Kakkos S K, Aherne T, Baekgaard N, Black S, Blomgren L, et al. Editor's Choice - European Society for Vascular Surgery (ESVS) Clinical Practise Guidelines on the Management of Chronic Venous Disease of the Lower Limbs. European Journal of Vascular & Endovasc Surgery. 2022. 63.184.267.