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Limite de idade para o tratamento e outras dúvidas de dislipidemia


Dr. Luís Andrade | Medicina Interna

Centro Hospitalar Gaia-Espinho, Vila Nova de Gaia


Até que idade devemos tratar as dislipidemias?

Não existe limitação da idade para o tratamento da dislipidemia, nomeadamente na população geriátrica com eventos ateroscleróticos prévios. Vários ensaios clínicos demonstraram que o tratamento da dislipidemia em prevenção secundária permitiu reduções muito significativas de eventos cardiovasculares em doentes idosos.

Cada vez encontramos mais jovens, na faixa dos 20-30 anos, com valores de LDL na faixa dos 140-150. Se os estilos de vida "falharem", faz sentido medicar a curto prazo?

Os doentes com dislipidemia e sem história pessoal ou familiar de doença aterosclerótica ou eventos cardiovasculares prematuros, devem manter modificação do estilo de vida e, eventualmente, realizar estudo de atingimento subclínico de órgão alvo. Exemplo, realização do score cálcio coronário ou eco-doppler carotídeo. Na ausência de atingimento do órgão alvo e na ausência de história de risco cardiovascular precoce na família, devem manter uma estratégia de modificação do estilo de vida, devendo a utilização de fármacos ser discutida e individualizada com o doente.

Existe algum valor de C-LDL a partir do qual se deve medicar imediatamente?

Os doentes de alto e muito alto risco cardiovascular devem alcançar os valores alvo o mais rapidamente possível, pelo que atingir uma diminuição de 50% do valor inicial do C-LDL e valor final inferior a 70 mg/dl ou 55 mg/dl, respetivamente, é de elevada relevância.

Nos doentes de risco moderado a ligeiro, devemos delinear prioritariamente uma estratégia de modificação do estilo de vida associado ao estudo de causas secundárias de dislipidemia, devendo a terapêutica ser iniciada sem manutenção de valores de C-LDL fora do alvo.

Há algum valor de LDL a partir do qual se considera um valor muito baixo? Tendo em conta a nova evidência que existe relativamente ao efeito deletério da dislipidemia, deverão os valores alvo de LDL voltar a diminuir, ou os alvos já são muito ambiciosos?

Os ensaios têm demonstrado benefícios com a diminuição do valor de C-LDL, não se verificando perda do mesmo ou aumento dos eventos laterais com valores de C-LDL menores que 40 mg/dl. Inclusivamente em doentes com recidiva de eventos cardiovasculares e que estejam dentro do valor de LDL alvo, é recomendado alcançar valor de C-LDL menor que 40 mg/dl.

Qual é o papel do doseamento da lipoproteina (a) na estratificação de risco dos utentes? Deverá ser pedido à maioria da população?

A lipoproteína (a) deve apenas ser considerada no estudo de doentes com eventos cardiovasculares prematuros, ou a considerar na reformulação do rsico cardiovascular em doentes de moderado risco.

Faz sentido utilizar ezetimibe em monoterapia em doentes intolerantes à estatina?

Nos doentes intolerantes à estatina, o ezetimibe isolado ou em associação com os inibidores da PCSK9 é uma opção central no controle da dislipidemia nos doentes de alto e muito alto risco cardiovasculares.


Bibliografia e referências: