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Para o diagnóstico de doença venosa crónica (DVC) é necessário realizar um exame Eco-Doppler?


Dra. Joana Ferreira | Angiologia e Cirurgia Vascular

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real


A doença venosa crónica (DVC) define-se como um conjunto de sinais e sintomas resultantes da alteração e estrutura da função das veias. Como a própria definição o indica, o diagnóstico de DVC é clínico, deste modo o Eco-Doppler não tem lugar no seu diagnóstico.

Do ponto de vista clínico, a DVC divide-se em 6 estadios. No estadio C0S o doente apresenta sintomas sem qualquer alteração do exame objetivo, como sensação de perna pesada, cansada, edema, prurido, câimbras, com agravamento com a exposição ao calor e com a posição de pé. O estadio C1 caracteriza-se pela presença de telangiectasias e veias reticulares. No estadio C2 observam-se varizes tronculares. No estadio C3 edema de origem venosa. O estadio C4 caracteriza-se por alterações da estrutura da pele no contexto da DVC. No estadio C5 verifica-se a presença de úlcera venosa cicatrizada e no estadio C6 úlcera venosa ativa. Frequentemente, os doentes em estadio C0S e C1 não apresentam qualquer alteração no Eco-Doppler, contudo continuam a ter DVC. Estes pacientes representam a maior fatia de doentes que tratamos com DVC.

Adicionalmente, dado o impacto da DVC na qualidade de vida é fundamental medicar para controlar os sintomas. Além disso, sabemos que o tratamento médico pode de alguma forma prevenir a evolução da DVC. O FFPM (bioflavonoides) demonstrou em alguns estudos que pode travar a evolução da doença. A obesidade está também associada a formas mais graves da doença e o exercício físico também melhora a sintomatologia. Posto isto, os doentes devem ser incentivados à prática regular de exercício físico para combater a obesidade. A referenciação para um serviço de cirurgia vascular deverá ser feita quando o doente apresenta varizes tronculares (estadio C2) ou alterações da estrutura da pele no contexto da DVC (estadio C4). Mesmo assim, a referenciação não exige a realização de Eco-Doppler, ainda que do ponto de vista prático alguns hospitais o possam pedir.


Bibliografia e referências:

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