Minimização do risco de varicorragia em doentes com doença venosa crónica
Dra. Joana Ferreira | Angiologia e Cirurgia Vascular
Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real
A doença venosa crónica tem um elevado impacto na qualidade de vida e está associada a complicações que poderão comprometer a vida do indivíduo. São consideradas complicações da doença venosa crónica:
- Varicorragia
- Úlcera venosa
- Trombose venosa superficial
A varicorragia é raramente discutida nas sociedades científicas, apresentando uma incidência que varia entre 3 e 9,1%. Esta complicação, apesar de rara, pode conduzir à morte do indivíduo. O seu aparecimento é mais frequente no membro inferior esquerdo, particularmente na perna e tornozelo, devido à maior incidência da doença venosa crónica nesta localização. A ocorrência de varicorragia causa apreensão e receio no paciente, dado que a hemorragia associada pode ser significativa. Pode surgir sem qualquer tipo de trauma (por exemplo após banho quente), com trauma minor ou associada à ulceração. Ocorre com maior frequência em indivíduos com idade avançada, associada à longa evolução da doença venosa crónica. A Sociedade Europeia de Cirurgia Vascular, consciente desta realidade, nas suas últimas guidelines criou uma recomendação nova referente à varicorragia. Nesta, está enfatizado o caráter muito prioritário com que os pacientes com história de varicorragia deverão ser referenciados para uma consulta externa de Cirurgia Vascular, devendo a história de varicorragia constar na informação de referenciação. Perante um episódio agudo de varicorragia, o médico que recebe este doente deverá realizar sutura imediata do vaso sangrante. A doentes idosos com varizes superficiais e pele frágil que nunca tenham tido nenhum episódio de varicorragia, deverão ser feitas algumas recomendações de como atuar nesses casos. Perante uma varicorragia, o doente deve idealmente elevar o membro inferior afectado e, se possível, aplicar um garrote, devendo ser posteriormente encaminhado para um serviço médico capaz de realizar uma sutura hemostática.
Todos os doentes com varizes tronculares deverão ser orientados para uma consulta de cirurgia vascular, com caráter normal, tendo em vista a sua correção e minimização do risco de varicorragia.