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Vantagens do denosumab em relação a outras opções de tratamento da osteoporose


Dr. Tiago Meirinhos | Reumatologia

Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro


Apesar da divulgação feita nos últimos anos, muitas dúvidas existem ainda relativamente à melhor abordagem e tratamento da osteoporose (OP). Trata-se de uma doença de abordagem complexa por ser silenciosa, mas tem que graves consequências uma vez que provoca perda da qualidade óssea, com aumento consequente do risco de fratura em traumatismo de baixo impacto/queda da própria altura. Os locais de maior ocorrência de fratura são o radio distal, coluna vertebral, úmero proximal e colo do fémur. Apesar de todas as fraturas provocarem consequências a nível da saúde, as fraturas da anca são claramente as que maior morbimortalidade condicionam, uma vez que cerca de 30% dos doentes vão falecer no primeiro ano, e até 50% ficam com limitações funcionais e dependência crónicos1.

Durante largos anos, a densitometria óssea (DEXA) foi considerada como o fator primordial para decisão de tratamento dos doentes. No entanto, cada vez mais reconhecemos a importância dos fatores clínicos na decisão de tratamento, o que significa que muitos doentes podem ter fraturas osteoporóticas com valores densitométricos de osteopenia ou até normais. Nesse sentido, a decisão de tratamento deverá ser baseada no cálculo do FRAX (realizado a toda a população após os 50 anos); por outro lado, nos doentes em que já ocorreu uma fratura osteoporótica, nomeadamente da anca ou vertebral sintomática, o tratamento deverá ser iniciado, independentemente do FRAX ou valores de DEXA2.

Atualmente, temos disponíveis múltiplos fármacos com eficácia comprovada no tratamento da osteoporose, prevenindo fraturas e aumentando os valores de densidade mineral óssea (DMO). Por outro lado, sabemos também que, à semelhança de outras doenças crónicas, a adesão ao tratamento é baixa nos tratamentos da osteoporose, nomeadamente nos doentes sob tratamento com alendronato, fármaco com maior número de estudos efetuados3. Sempre que o doente não adere ao tratamento, o risco de fratura mantém-se elevado. De entre as várias opções atualmente disponíveis, contamos com os bifosfonatos (orais semanais, mensais ou endovenosos anuais), o denosumab (subcutâneo semestral) e a teriparatide (subcutâneo diário). Assim, na escolha do tratamento, deverá ser proposto ao doente aquele que melhor se adaptar ao seu estilo de vida.

O denosumab é um anticorpo monoclonal, não imunossupressor, aprovado para o tratamento da osteoporose feminina e masculina, que é administrado a cada 6 meses por via subcutânea, podendo ser feito pelo próprio doente, ou por cuidador ou profissional de saúde (o facto de ser semestral potencia a administração em consultas de “rotina”). Outra das vantagens do denosumab é o facto de não requerer ajuste de dose na doença renal crónica, ao contrário dos bifosfonatos. Em comparação direta com os últimos, o denosumab demostrou eficácia superior na elevação dos níveis de DMO (coluna vertebral e anca), efeito mantido durante 10 anos de tratamento. Em termos de vigilância do tratamento, o nível de cálcio sérico deverá ser avaliado anualmente, e em caso de necessidade de paragem do tratamento com denosumab, deverá ser feito outro antireabsortivo (por exemplo um bifosfonato) para manutenção dos níveis de DMO alcançados com o tratamento4.


Bibliografia e referências:

  1. Hernlund E, Svedbom A, Ivergård M, Compston J, Cooper C, Stenmark J, et al. Osteoporosis in the European Union: medical management, epidemiology and economic burden. A report prepared in collaboration with the International Osteoporosis Foundation (IOF) and the European Federation of Pharmaceutical Industry Associations (EFPIA). Arch Osteoporos. 2013;8(1):136.
  2. Rodrigues AM, Canhão H, Marques A, Ambrósio C, Borges J, Coelho P, et al. Portuguese recommendations for the prevention, diagnosis and management of primary osteoporosis - 2018 update. Acta Reumatol Port. 2018 Jan-Mar;43(1):10-31.
  3. Fatoye F, Smith P, Gebrye T, Yeowell G. Real-world persistence and adherence with oral bisphosphonates for osteoporosis: a systematic review. BMJ Open. 2019 Apr 14;9(4):e027049.
  4. Bone HG, Wagman RB, Brandi ML, Brown JP, Chapurlat R, Cummings SR, et al. 10 years of denosumab treatment in postmenopausal women with osteoporosis: results from the phase 3 randomised FREEDOM trial and open-label extension. Lancet Diabetes Endocrinol. 2017 Jul;5(7):513-523.