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Fazer a diferença no tratamento do doente diabético tipo 2: 3 pontos a considerar


Dra. Joana Pimenta | Medicina Interna

Hospital CUF Descobertas, Lisboa


  1. Existem actualmente múltiplas opções para o tratamento do doente com diabetes e nunca foi tão importante personalizar a terapêutica e encontrar a melhor estratégia para cada doente.
    Nesse sentido é crucial caracterizar o doente relativamente a 3 pontos: o seu risco vascular, a presença de insuficiência cardíaca e/ou de doença renal crónica.
  2. Os inibidores do co-transportador de sódio e glicose 2 (iSGLT2) são uma classe de fármacos relativamente recente cujos benefícios na diabetes mellitus ultrapassam o controlo glicémico. Sabemos hoje que estes fármacos, para além de reduzirem a HbA1c e terem um impacto na redução de peso e controlo da tensão arterial, têm um efeito muito robusto na protecção cardio-renal do doente diabético. Em ensaios clínicos e/ou meta-análises os iSGLT2 demonstraram uma redução do risco de eventos cardiovasculares, e, de forma mais significativa, da hospitalização por insuficiência cardíaca (IC) e de eventos renais, em doentes diabéticos tipo 2 de alto risco vascular ou com doença aterosclerótica estabelecida. Assim, e de acordo com as mais recentes recomendações internacionais, estes fármacos devem ser considerados, juntamente com a metformina, em primeira linha no tratamento do diabético tipo 2 com alto risco vascular, doença aterosclerótica estabelecida, insuficiência cardíaca e doença renal crónica, independentemente do valor da HbA1c.
  3. A insuficiência cardíaca é uma patologia comumente associada à diabetes. Os doentes diabéticos têm maior risco de desenvolver insuficiência cardíaca e, nessa eventualidade, de terem um pior prognóstico. O efeito robusto dos iSLGT2 na redução das hospitalizações por insuficiência cardíaca em diabéticos tipo 2, da ordem dos 30%, levou à realização de ensaios clínicos para testar o efeito destes fármacos em doentes com insuficiência cardíaca. O ensaio DAPA-HF mostrou o efeito significativo da dapagliflozina da redução de eventos cardiovasculares major, agravamento da insuficiência cardíaca e morte cardiovascular e o seu impacto na melhoria da qualidade de vida de doentes com insuficiência cardíaca com fracção de ejecção reduzida (inferior a 40%) com e sem diabetes. Estes resultados, consubstanciados por outros ensaios com a empagliflozina e sotagliflozina, fundamentam a emergência de um novo pilar farmacológico para o tratamento desta entidade, os iSGLT2.


Bibliografia e referências: