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Mudança de paradigma: Todos os indivíduos infetados pela gastrite por H. pylori devem ser tratados


Dr. Ricardo Marcos Pinto | Gastrenterologia

Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto


O Helicobacter pylori (H. pylori) é um patogéneo que é transmitido interpessoalmente e que causa gastrite em todos os indivíduos afetados. Numa percentagem significativa de doentes a infeção pode ter como fenótipo uma das suas complicações clássicas: Doença Ulcerosa Péptica, Carcinoma Gástrico ou apenas Dispepsia funcional. 

Recentemente o consenso de Kyoto e as Guidelines Europeias (MaastrichtV) classificaram a gastrite a H. pylori como uma doença infeciosa, de tratamento obrigatório o que representa uma alteração de paradigma.

Entre os desafios figura a crescente resistência do H. pylori a regimes antibióticos anteriormente eficazes o que gera grande preocupação e requer modificação de estratégias terapêuticas. Além disso, estudos recentes mostram a eficácia da erradicação na prevenção do cancro gástrico.

Recentemente, o consenso de Kyoto classificou a gastrite por H. pylori como uma doença infeciosa recomendando o tratamento de todos os indivíduos infetados. Esta recomendação representa uma mudança de paradigma uma vez que agora a indicação do tratamento não é restrita apenas a doentes com manifestações clínicas da infeção. No mesmo consenso, a gastrite por H. pylori com sintomas dispépticos foi designada como uma entidade específica fora da definição ampla de dispepsia funcional.

Princípios gerais do tratamento da infeção por H. pylori:

  1. Para qualquer esquema de tratamento, a taxa de erradicação pode ser prevista se as taxas de cura forem conhecidas para:
    • Estirpes suscetíveis e resistentes
    • Prevalência de resistência na população.
  2. Para qualquer doente uma história de consumo prévio de um dos principais antibióticos propostos identificará a provável resistência a antibióticos, apesar das baixas taxas de resistência na população.
  3. A terapia tripla contendo IBP-claritromicina, sem o teste de sensibilidade prévia, deve ser abandonada quando a taxa de resistência à claritromicina na região for superior a 15% (caso de Portugal).
  4. Em áreas de alta (> 15%) resistência à claritromicina, a terapêutica quádrupla com bismuto ou quádrupla concomitante (IBP, amoxicilina, claritromicina e um nitroimidazol) são as terapêuticas de primeira linha recomendadas. Em áreas de alta resistência dual à claritromicina e metronidazol, a terapêutica quádrupla com bismuto deverá ser o tratamento de primeira linha.