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O que o médico de família deve conhecer sobre a vertigem em contexto de Urgência?



A vertigem é um sintoma definido como uma ilusão de movimento (rotatória ou não), que pode corresponder a um número quase infindável de patologias. Cerca de 20% da população já a sentiu pelo menos uma vez ao longo da sua vida e estima-se que cerca de 11% dos pacientes que procuram um serviço de urgência, o fazem por vertigem, devido ao grau de incapacidade que este sintoma acarreta.

Em 70-80% dos casos a sua origem é vestibular, sendo que a vertigem central (20% dos casos), tem uma importância extrema pelo compromisso vital, necessitando muitas vezes de uma intervenção urgente. O desafio diário consiste em identificar qual a patologia envolvida para que possa ser instituído o tratamento adequado à situação clínica.

Se nos referirmos ao ouvido interno, a causa mais frequente de vertigem é a vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) sendo a nevrite vestibular, doença de Ménière, enxaqueca vestibular assim como a vertigem postural fóbica, patologias com as quais nos confrontamos diariamente, obviamente tratadas de formas diferentes. Devemos tratar a doença e não o sintoma.

Por estas razões, torna-se fundamental identificar as patologias sendo elas centrais ou periféricas.

São os acidentes vasculares cerebrais (AVC), do território posterior que constituem o maior desafio em contexto de urgência sendo que perante uma vertigem de instalação súbita com horas de duração (síndrome vestibular agudo), o exame oculo motor de cabeceira pode ser decisivo para o diagnóstico e orientação terapêutica.

Nestas situações, utilizamos um acrónimo designado por HINTS que consiste na realização de três testes clínicos que não necessitam de qualquer instrumentação e que em contexto de urgência se tornam fundamentais:

  1. Head Impulse Test (teste de impulso cefálico)
  2. Pesquisa de Nistagmo espontâneo
  3. Teste de Skew

Deste acrónimo passamos para outro ou seja, o INFART, que nos diz que num síndrome vestibular agudo, se tivermos um Head Impulse Test normal ou um nistagmo bidirecional (fase rápida alternante) ou uma refixação no teste de Skew, temos uma elevada sensibilidade e especificidade para AVC sendo superior à da ressonância magnética nuclear, nas primeiras 24 a 48 horas.

Se o nosso doente, neste contexto tiver também perda de audição a probabilidade de estarmos perante um AVC aumenta (HINTS plus) devido ao facto de a artéria auditiva interna ser um ramo da artéria cerebelosa antero inferior (AICA). Concluindo, tal como num doente com um síndroma febril tratamos a doença e não apenas o sintoma, num doente com vertigem devemos proceder exatamente da mesma forma.


Bibliografia e referências: