Publicidade banner aap porto pt

O tratamento da osteoporose nos cuidados de saúde primários


Dr. Tiago Meirinhos | Reumatologia

Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro


A osteoporose (OP) é uma doença silenciosa que provoca perda da qualidade óssea, com aumento consequente do risco de fratura em traumatismo de baixo impacto/queda da própria altura. Ela ocorre maioritariamente em mulheres pós-menopausa, e os locais geralmente suscetíveis de fratura são o punho, vertebras, úmero proximal e anca. Sendo uma doença silenciosa, em que a primeira manifestação clínica é a ocorrência de fratura, é essencial saber quem e como tratar1.

Atualmente, cerca de 80% dos doentes com fraturas osteoporóticas não tinha diagnóstico efetuado, e nunca tinha feito qualquer tratamento. Para o tratamento da osteoporose, tal como noutras doenças crónicas, é essencial escolher uma terapêutica que, para além de comprovadamente eficaz e segura, se adapte ao estilo de vida e preferências de cada doente. No caso da osteoporose, existem múltiplas opções disponíveis, com posologias tão variadas como semanais, mensais, semestrais ou anuais, podendo ser orais em comprimido, xarope, subcutâneas ou endovenosas. Desta forma, o potencial arsenal terapêutico é diverso, e para cada doente deverá ser escolhida a melhor opção em decisão partilhada médico/doente-família2.

Em Portugal, no ano de 2019, foram gastos com o tratamento da osteoporose cerca de 1.000 milhões de euros. No entanto, a maioria desse valor (98,5%) foi alocada ao tratamento direto das fraturas e suas complicações, e apenas 1,5% foi gasto com o tratamento/prevenção farmacológica3.

Em relação às indicações para tratamento, tradicionalmente a densitometria óssea (DEXA) era considerada como o fator primordial para decisão de tratamento. No entanto, sabemos cada vez mais da importância de fatores de risco clínicos para além da DEXA, que são avaliados através do FRAX, e que indicam maior ou menor risco de fratura major ou fratura da anca. Assim, as indicações para tratamento são divididas em dois grandes grupos: doentes com e sem fratura osteoporótica prévia. As pessoas com fratura da anca, fratura vertebral sintomática, ou duas fraturas de baixo impacto, independentemente do local ou sintomas associados, têm indicação para tratamento. Nos indivíduos sem fraturas prévias, devem receber tratamento farmacológico os doentes com risco de fratura major, segundo o FRAX sem uso de DEXA, acima de 11% para fratura major, e 3% para fratura da anca. No caso de incluirmos a DEXA, este limiar diminui para 9% e 2,5%4.


Bibliografia e referências: