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Novidades em contraceção: O que há de novo?


Dra. Dora Antunes | Ginecologia/Obstetrícia

Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra


Atualmente dispomos de uma diversidade de métodos contracetivos, podendo estes dividir-se, por ordem crescente de eficácia, em métodos naturais, de barreira, hormonais ou definitivos. De todos estes, foi sem dúvida no grupo dos métodos hormonais que foram surgindo mais modificações e novidades nos últimos tempos.

No grupo dos contracetivos orais combinados, encontra-se disponível uma nova associação de estetrol 15 mg com drospirenona 3 mg. Comparativamente às restantes formulações estrogénicas disponíveis (etinilestradiol, estradiol e valerato de estradiol), o estetrol representa um estrogénio natural produzido exclusivamente pelo feto, com ação tecidular seletiva, associando-se a vantagens inequívocas, nomeadamente no que respeita à sua longa semivida (24-48 h) e ausência de interação com o citocromo P450, promovendo uma elevada biodisponibilidade oral e reduzido impacto metabólico.

Recentemente, surgiram também novidades no âmbito da contraceção progestativa oral isolada, com o lançamento de drospirenona 4 mg, na sua formulação de 24 + 4 comprimidos de placebo, em toma contínua. Esta opção contracetiva apresenta vantagens significativas comparativamente ao desogestrel, associando-se a um padrão hemorrágico mais previsível com hemorragia de privação programada ou mesmo amenorreia, sem alteração dos parâmetros hemostáticos ou tromboembólicos e com marcados benefícios a nível metabólico (sem interferência no perfil lipídico, efeitos neutros no peso e na tensão arterial ou mesmo diminuição dos mesmos em mulheres obesas ou com hipertensão arterial ligeira, respetivamente).

No que respeita aos contracetivos reversíveis de longa duração, as maiores novidades incidiram nos dispositivos intrauterinos (DIU) com libertação de levonorgestrel, atualmente com três dosagens distintas disponíveis, 13,5 mg, 19,5 mg e 52 mg, com duração de ação previsível de 3 anos, 5 anos e 7 anos, respetivamente. A comercialização de lidocaína a 4 % sob a forma de termogel foi uma das novidades com maior impacto na prática clínica, permitindo o uso deste anestésico local em procedimentos cervicais e intrauterinos, como a colocação de DIU. Este fármaco é de fácil administração, permanece aderente à mucosa do canal cervical e do endométrio e revela-se eficaz no controlo da dor associada a estes procedimentos com uma duração de ação de 30-60 minutos.

A contraceção representa, assim, uma área em constante crescimento, com novidades terapêuticas eminentes e com elevada aplicabilidade na prática clínica, promovendo, desta forma, uma melhoria dos cuidados de saúde, uma redução do número de gravidezes indesejadas e um aumento da satisfação e da qualidade de vida da mulher.


Bibliografia e referências:

  1. Sociedad Portuguesa da Contracepção. Consenso sobre Contraceção.2020
  2. Klipping C, Duijkers I, Mawet M, Maillard C, Bastidas A, Jost M, et al. Endocrine and metabolic effects of an oral contraceptive containing estetrol and drospirenone. Contraception. 2021.103.213.21.
  3. Douxfils J, Klipping C, Duijkers I, Kinet V, Mawet M, Maillard C, et al. Evaluation of the effect of a new oral contraceptive containing estetrol and drospirenone on hemostasis parameters. Contraception. 2020.102.396.402.
  4. Carvalho M J, Costa A R, Rebelo C, Nogueira-Silva C, Pacheco M A, Bombas T, et al. Eficácia e segurança clínica do Estetrol: evidências terapêuticas de um estrogénio inovador. ResearchGate. 2021.15.161.9.
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  6. Ribeiro R, Chaves A, Fernandes L, Novais M, Caetano P, Faustino F, et al. Evaluation of Gynecologist’s and Patient’s Experience, Anxiety and Pain Perception During Intrauterine Device Insertion Containing Levonorgestrel (ELA 52 Study). Journal of Gynecology & Reproductive Medicine. 2021.5.181.9.