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Perturbação depressiva: diagnóstico, sintomas e tratamento


Dra. Dulce Maia | Psiquiatria

Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real


A perturbação depressiva é um dos problemas de saúde mental mais comuns e altamente prevalente. Trata-se de uma doença de etiologia multifatorial e, portanto, não é conhecida uma causa única que a desencadeie. Pensa-se que diferentes fatores influenciem de maneira variável o seu aparecimento e a sua evolução, como acontece com outras doenças:

  • Fatores genéticos: trata-se de uma patologia mental que aparece mais vezes nas mesmas famílias e com transmissibilidade genética ainda que não completamente conhecida
  • Fatores ambientais: destaque para o meio familiar, social e laboral e para a existência de determinados acontecimentos de vida negativos que em muitas situações funcionam como trigger para o despoletar da sintomatologia depressiva
  • Em termos biológicos: alterações cerebrais e bioquímicas com desregulação neuroquímica e consequente alteração da funcionalidade de vários neurotransmissores cerebrais, com destaque para a serotonina

Diagnóstico

É importante que as pessoas tenham consciência que a depressão pode afetar qualquer pessoa de qualquer faixa etária e em qualquer fase da vida e que se deve falar dela sem rodeios.
Ao contrário do que se possa pensar, o diagnóstico não é subjectivo, mas sim clínico, o que significa que se fundamenta na avaliação correta dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente, da forma como se iniciaram e da sua evolução, da sua repercussão na funcionalidade do doente e de vários outros aspetos que os psiquiatras têm em conta. Existem vários exames auxiliares do diagnóstico, sobretudo analíticos, que podem ser necessários para exclusão de outros diagnósticos diferenciais.

Sintomas

Os sintomas mais relevantes incluem a tristeza (permanente ou quase permanente), choro fácil, a anedonia (perda do interesse e da vontade em realizar atividades que anteriormente eram consideradas agradáveis), variação do ritmo habitual de sono (com insónia ou hipersónia), variação do apetite e do peso, falta de energia, fadiga, dificuldade de concentração e de tomar decisões e até ideias de morte.

Tratamento

A depressão tem tratamento e é possível e desejável que os doentes recuperem o seu funcionamento prévio após passarem por esta doença. O primeiro passo é sem dúvida a procura de ajuda especializada, onde o tratamento mais adequado, que passará pela prescrição de um fármaco antidepressivo aliado ao acompanhamento psicoterapêutico, representam o tratamento mais eficaz. É, portanto, muito importante a deteção precoce de sintomas, a procura de ajuda e o inicio de tratamento adequado, o mais rápido possível.

Relativamente ao tratamento, uma das principais mensagens a transmitir é que atualmente os antidepressivos têm muito menos efeitos secundários e que os efeitos que têm, são mitigáveis; explicar ainda que não causam habituação e que não têm necessariamente de ser tomados para o resto da vida.

A depressão deve ser encarada como uma doença, para a qual existe tratamento e que não deve ser desvalorizada nem estigmatizada pela sociedade.